O uso mágico do Pentagrama Invertido
O texto abaixo foi escrito originalmente para o Curso de Formação de Sacerdotes em Alta Magia do Lótus Negro.
O pentagrama, com suas cinco pontas está associado à Esfera de Geburah (Marte) da Árvore da Vida Cabalística, que é a esfera do poder, da força da individuação, da guerra, ou seja, simboliza a autoridade do magista. Ele também representa a união dos quatro elementos como símbolo eterno da manifestação ou quintessência (é o homem com os braços e pernas abertos). O número cinco é um número importante, pois representa o espírito que domina os quatro elementos (o domínio do homem espiritual sobre o homem animal). Sem a autoridade, que depende de sua atitude mental e de sua evolução espiritual, é provável que não haja obediência por parte das entidades. Sendo o Pentagrama um símbolo da vontade por excelência ele serve como um "espantalho", e é um alerta às entidades a respeito da vontade e da autoridade que se encontra diante delas.
“Certas entidades ou larvas do baixo astral, que não obedecem ao símbolo da cruz, cedem imediatamente e fogem espavoridas à presença deste maravilhoso símbolo.” (Vasariah)
Ao contrário do pentagrama tradicional o pentagrama invertido é visto por muitos ocultistas como representação do lado negro, e um símbolo do mal para os cristãos fundamentalistas. Por ter as duas pontas viradas para cima é geralmente considerado o símbolo do satanismo onde parece ser o homem dominado pela matéria com os quatro elementos menores acima da quintessência ou espírito. No entanto, essas são associações recentes e o pentagrama invertido é o símbolo da iniciação Gardneriana do segundo grau, representando a necessidade do bruxo aprender a enfrentar a face da escuridão para que mais tarde ele possa ascender e tomar o controle.
Outras escolas esotéricas entendem que o pentagrama invertido longe de ser um símbolo decadente apenas representa as correntes astrais inversas ou "telúricas" e não tem nada a ver com o dualismo judaico-cristão de “bem x mal”. Esta também é a opinião do autor dese artigo, mas tenho que reconhecer que infelizmente este símbolo (pentagrama invertido) tem sido associado a rituais satânicos ou de magia negra onde seus adeptos vêem nele o próprio diabo com chifres. Isso apenas denota uma total ignorância sobre o assunto, além de atrair para aqueles que assim acreditam uma carga nefasta de energias involutivas que automaticamente se manifesta em processos cármicos dolorosos.
Em se tratando de Alta Magia “positivo e negativo” não tem nenhum conceito moral, é apenas uma questão de polaridade. As correntes astrais obedecem a fluxos magnéticos que atuam em ambas as polaridades positivas e negativas (Yin e Yang), assim uma completa a outra. Todos nós sabemos que a eletricidade obedece ao mesmo princípio magnético (vide lei das polaridades no Caibalion), ou seja, para que haja produção de energia você necessita de ambas as polaridades.
O pentagrama invertido tem o seu simbolismo mágico nos chifres (as duas pontas para cima) que para os antigos pagãos era sinal da sabedoria. Antigamente era visto como o Deus Pan, símbolo de força espiritual, que a Igreja associou ao Diabo em seu longo processo de demonização da Magia e difamação do paganismo. Entretanto, o pentagrama invertido está simplesmente direcionando a energia para baixo, ou para dentro da Terra (o submundo ctónico), e não tem nada a ver com Satanismo ou Magia Negra. Na Alta Magia do Lótus Negro o uso do pentagrama invertido está indiretamente relacionado com a corrente dionisíaca, uma corrente de força para-elétrica (infra-magnética) própria da superfície terrestre que o Deus Cornífero Dionísio e suas Ninfas (seres encantados) corporificam.
Esse tipo de energia etérica, ou fluido magnético da Terra, é também descrita pelo escritor rosacruz Edward Bulwer-Lytton (1871) como Vrill, uma força de natureza eminentemente telúrica que é praticamente o mesmo que o magnetismo animal de Mesmer ou a força ódica do Baron Reichenbach. Esta corrente oculta dá lugar a um circuito, como um circuito magnético subterrâneo. Há analogia entre os dois. Constituem o sistema nervoso do globo terrestre. Os antigos davam o nome de ‘rios infernais” a essas correntes subterrâneas que em lugares precisos (menhirs) jorram do subsolo e se dissipam em invisíveis gêiseres. Dizem que por osmose as serpentes absorvem o telurismo e haurem dele o seu poder de hipnotização. E os bruxos antigos as imitaram, pelo fato de que os “chakras” inferiores do tronco e aqueles das pernas podem eventualmente aspirar a força infernal, incorporá-la e transformá-la.
Essa corrente não tem absolutamente nada com o despertar direto da Kundalini, entretanto ela contêm o segredo sobre o mecanismo interior por meio do qual surge a iluminação, pelo contato com as Forças Elementais. Entretanto é aconselhável que no caso de principiantes na Magia Cerimonial, o melhor é lidar com o Pentagrama em sua posição usual (com as pontas para cima) até obter um domínio suficiente dos Elementais. Digo isso também porque o treino para se tornar um mago ritualístico (que é o objetivo deste curso) é um processo longo e difícil. Requer a aceitação de uma série de crenças que sejam capazes de anular as inibições culturais de se trabalhar efetivamente com a magia. As novas estruturas mentais adotadas pelo magista devem ser aceitas com suficiente entusiasmo para que ele possa liberá-las com total poder emocional durante o ritual. Para que o ato de magia tenha sucesso, a força subconsciente do operador deve ser aplicada na direção da vontade do mago. Essa força deve ser capaz de ignorar qualquer inibição ou resistência interna na aplicação da força astral completa do operador no trabalho em andamento.
Por exemplo, se o iniciado (magista) acreditar que o símbolo do pentagrama invertido está relacionada ao conceito de involução ou de mal moral, devido aos seus condicionamentos religiosos ou ocultistas equivocados, ele vai pode atrair uma força contrária que pode trazer-lhe prejuízos. Ele simplesmente pode auto-sabotar seu ritual abrindo inadvertidamente um portal para o astral inferior, atraindo espíritos trevosos ou simplesmente perdidos dessa dimensão.
O iniciado tem que entender que se no mundo físico as cargas opostas se atraem (homem e mulher, próton e elétron, etc.) no astral as leis são diferentes, o semelhante atrai o semelhante. Isso significa, por exemplo, que se o iniciado adotar crenças que afirmem que um ritual que se utilize de quatro pentagramas invertidos nos quadrantes ele abre os “portais do inferno” e associa isso ao inferno cristão e seus demônios - e não as forças psíquicas do seu subconsciente – ele pode de fato atrair para junto de si uma legião de entidades tenebrosas, fazendo sua vida parecer um “inferno na terra”. Na melhor das hipóteses ele pode atrair Elementais negativos.
Muitos Elementais são hostis aos seres humanos, e podem iludi-lo como no “canto das sereias” levando-o para longe de seus objetivos. Para entrar no Reino Élfico, o Mundo Verde de Elphame, um reino encantado intermediário entre este domínio fenomenal e o mundo espiritual e divino, e que é simbolicamente chamado de “entre”, “atrás” ou “sob” a superfície do mundo das aparências, torna-se imprescindível obter o conhecimento de certos sinais de passe, senhas, “portais” e de seus guardiões.
Esclareceu muito bem, parabéns.